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Animações

por Leandro Cacossi

“Nada se cria, tudo se copia”: a famosa frase, usada pelo apresentador Chacrinha para falar sobre televisão, pode também ser aplicada a muitos outros meios. Seja na música, no cinema, no rádio ou na publicidade (apenas para citar os exemplos mais óbvios), velhas idéias e velhos produtos são sempre reutilizados por realizadores.

Num momento em que a tecnologia permite que tenhamos acesso a coisas praticamente esquecidas em nossas memórias, referências ao passado são revisitadas cada vez com mais intensidade. A tecnologia também proporciona a praticamente qualquer indivíduo que se torne um realizador audiovisual. E, assim, cada um vai buscar suas próprias referências e remixar (ou recriar) em cima delas.

Programas e filmes humorísticos e desenhos animados são bons exemplos de como é possível colocar em prática novas criações utilizando-se de antigas figuras e produtos.  Apesar de terem ganhado um maior volume nos últimos tempos, os remixes são bastante comuns em obras audiovisuais deste tipo há tempos.

Um exemplo é o desenho animado abaixo: Pink-A-Rella. Produzido em 1968, coloca a Pantera Cor-de-Rosa numa história com ares de Cinderela, cujo príncipe é Pelvis Parsley.

Os Simpsons já tiveram um Especial de Dia das Bruxas remetendo à clássica história da Grande Abóbora de Charlie Brown.

Family Guy levou o personagem Chris Griffin ao videoclipe oitentista da música Take On Me, da banda A-Ha.

Por fim, a série Frango Robô, que utiliza bonecos para recontar histórias de personagens clássicos da animação e do cinema.

The Daily: inovação ou mais do mesmo?

por Douglas Meira

The Daily é uma revista eletrônica da News Corp desenvolvida exclusivamente para o iPad, da Apple. A publicação foi anunciada em fevereiro passado por um Rupert Murdoch ainda distante das páginas policiais, com um posicionamento totalmente voltado para a inovação. Cada edição traz 100 páginas com notícias gerais, esportes, fofocas e celebridades, opinião, arte e vida, além de aplicativos e jogos.

“Acreditamos que o diário será o modelo de como as histórias serão contadas e consumidas na era digital”, disse o CEO da News Corp na ocasião.

Dizeres como “criado todos os dias do ano com conteúdo original para o iPad”, “feito do zero por alguns dos melhores profissionais” e “inteligência, atratividade e entretenimento” ainda figuram no website da revista. “Novos tempos demandam um novo jornalismo” aparece em destaque como a manchete de um jornal.

Seta à direita clicada, mais uma ‘novidade’ na tela. “The Daily tem a profundidade e a qualidade de uma revista, mas é entregue diariamente com um jornal e atualizado em tempo real como na web.”

Ainda no website, a frase “Read it. Play it. Watch it. Listen to it” chega a intimidar pela imperatividade e parece conter os quatro mandamentos que a News Corp e a Apple gostariam que os leitores adotassem.

Finalmente, “todo dia é novo” intitula um pequeno texto que deixa claro qual é a desta empreitada de Murdoch. “Chega de aplicativos que são apenas websites reciclados ou fotos de revistas. The Daily foi criado para oferecer a você vantagens de um jeito que só o iPad pode trazer”, diz a página web, antes de oferecer leitura gratuita por duas semanas.

Steve Jobs agradeceu. “A News Corp está redefinindo a experiência de notícias com o diário”, disse o CEO da Apple.

Remix

A verdade é que, como a própria News Corp admite, o Daily não é a invenção de nada novo. Em última instância, é o produto de um processo evolutivo envolvendo mídia e internet e que não para de acontecer. No meio desse caminho, surgiu o Daily – como também surgiram a incorporação do acesso à internet ao telefone celular; e a reforma gráfica da Folha de S.Paulo visando tornar o jornal uma “televisão impressa”, no final da década de 1980. Entre inúmeros outros exemplos.

A influência de outras mídias e “casos de sucesso” fazem surgir novas ideias. O Daily é só um dos primeiros exemplos de publicações eletrônicas que tiram proveito das possibilidades de um tablet PC. Certamente haverá outras semelhantes ou ainda melhores. E como o tempo não para, é muito provável que daqui a alguns anos uma nova reinvenção nesse tipo de mídia seja necessária.

A capa do Daily já evidencia o que se chama de “remixagem” (combinar ou editar materiais existentes para produzir algo novo). Ela segue o padrão das revistas impressas tradicionais, como a emblemática Time Magazine. Isto pode limitar um pouco a inovação proporcionada pela nova revista eletrônica da News Corp, mas ela não deixa de chamar a atenção por suas qualidades editoriais e tecnológicas.

Afora a combinação multimídia com textos, fotos, vídeos, podcasts, hiperlinks e gráficos dinâmicos (o que já vimos antes na internet), são basicamente dois os diferenciais do Daily. Um deles é o próprio iPad. Não fosse a mobilidade do tablet, a publicação seria algo que já poderia ter sido pensada há muito tempo. O outro destaque fica para a possibilidade de compartilhar com amigos no Facebook, Twitter e outros canais colaborativos as notícias e artigos partindo diretamente do conteúdo original de uma revista.

Em tempo:

• Pelo menos nos Estados Unidos, assinar The Daily, disponível para download na App Store, é mais barato do que muitas revistas tradicionais.

• Nos últimos dias, o Daily ganhou uma nova versão.

A era dos remixes

Por Noelle Marques
Segundo a definição de Kirby Ferguson, remix é a combinação ou edição de uma material já existente para formar algo novo.
Olhando ao nosso redor, é fácil encontrar muitos remixes. Um dos mais utilizados hoje em dia é a rede social Facebook, que utilizou elementos de uma rede social já existente para criar uma nova. Só que muitas vezes o remix pode ser considerado plágio, o que resultou em uma batalha judicial que Mark Zuckerberg enfrenta até hoje.
Em algumas animações também é possível encontrar elementos de outras obras, mas com um sentido totalmente novo, como é o caso dos Simpsons e do Shrek, que utilizam situações externas, como política, celebridades, entre outras, e criam cenas hilárias.
Durante a faculdade, em um dos trabalhos da matéria “Percepção da imagem e som” tive que mudar o sentido de uma imagem, apenas utilizando uma trilha sonora. A tarefa foi difícil, mas eu e mais duas colegas conseguimos realizar.
Escolhemos diversos filmes da Xuxa Meneghel, voltados exclusivamente para o público infantil, e editamos com base em uma música da cantora americana Britney Spears, em sua fase sensual e provocante.
Xuxa Meneghel vs. Britney Spears

 

Pesquisando outras formas de remix, me lembrei de uma fotógrafa israelense, Dina Goldstein, que ficou muito famosa no mundo todo com o projeto Fallen Princess, que mostra as princesas de Wall Disney em situações do mundo real e após o momento do “e então eles viveram felizes para sempre”.
Goldstein teve esta ideia de remix após observar meninas fascinadas pela perfeição das princesas.

Seguem as fotos de algumas princesas.
Branca de Neve cuidando de quatro filhos e o príncipe assistindo televisão

Cinderela desolada em uma mesa de bar

Jasmine lutando na crise do mundo árabe

E Pocahontas solteirona com seus 157 gatos

Esse ensaio prova que é possível criar algo totalmente original, utilizando elementos já existentes, sem plagiar e enfrentar um longo processo judicial.

A arte de recontar uma história musicada

Por Verônica Rocha

A arte de captar elementos de algo já existente para produzir algo novo não é nenhuma novidade. O termo “Nada se cria, tudo se copia” é mais presente do que parece. A começar pela moda que utiliza tendências do passado para criar algo “futurista”, a fotografia que nasceu da pintura, as músicas que hoje em dia são criticadas e acusadas de plágio.

A quantidade de remixes em todos os planos criados pelo homem é muito vasta, porém, algumas não são tão perceptíveis ao primeiro olhar.

Ao fazer análises de algumas músicas, é possível encontrar semelhanças na introdução de “Teatro dos Vampiros” (1991) da Banda Legião Urbana com “Light My Fire” (1966) da banda britânica, The Doors. São vinte e cinco anos de diferença entre as duas músicas, a época também era outra, assim como os valores, mas escute os primeiros segundos das duas canções.

Mas não só de semelhanças vivem os remixes. Existem artistas que escolhem uma música e colocam a sua identidade nela transformando-a por completo. Um exemplo clássico da adaptação, ou melhor, a “re-criação” de um projeto é a música “Sweet Dreams” do Eurythmics (1983) na versão de Marylin Manson (2005). Veja como ficou diferente:

Remix ou não, o importante é analisar que apesar das semelhanças a mudança, em alguns casos é sempre muito bem vinda.