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Bobagem ou comunicação?

Por Paula Bassi

Não foi sem hesitação que os veículos tradicionais de jornalismo se empenharam nas primeiras iniciativas de encorajar a participação dos leitores. Profissionais viam-se frente a questionamentos sobre a credibilidade de conteúdos produzidos por quem, sob uma perspectiva mais restrita, não teria qualificação para se expressar – ou seja, os “não-jornalistas”. Com o surgimento de ferramentas como Blogs, YouTube, Twitter, MySpace, entre outros, internautas provenientes de qualquer formação, faixa etária, origem começaram a divulgar de maneira incontrolável suas produções e opiniões.

Uma das primeiras ferramentas que os jornais adotaram para a aproximação com o leitor foram os blogs. Organizados de forma cronológica decrescente (ou seja, o post mais recente vem antes do mais antigo), alimentados com informações e opiniões sobre determinado assunto por um ou mais autores, este tipo de página inclui links externos (algo raro nos textos jornalísticos “oficiais”) e espaço para comentários. Apesar de ser um modelo questionável de interação – afinal, o conteúdo geralmente é produzido por jornalistas e os comentários muitas vezes são editados –, os blogs abrigados por veículos como Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e G1 aproximam-se do público pelo tipo de linguagem utilizada, mais adequada aos meios online.

Um exemplo que pode ser citado é o Bombou na Web, vinculado à revista Época. O blog, administrado pelos repórteres Rafael Pereira e Bruno Ferrari, trata dos conteúdos mais populares na rede, principalmente vídeos no YouTube. O Bombou na Web também existe como coluna no impresso, o que não faz muito sentido, já que suas referências são online. Mas, na internet, o blog toma forma com sua linguagem despojada e seu texto hiperlinkado e integrado a vídeos. Os autores chegam a dar alguns cutucões na mídia tradicional.

Em post sobre caso Barthô, em que um homem – a suspeita é de que seja um humorista do programa Chupim (Rádio Metropolitana) – passou-se pelo presidente Lula em entrevista a uma rádio angolense, o comentário que finaliza o texto é: “A brincadeira foi descoberta porque um dos jornalistas estrangeiros envolvidos desconfiou do que disse o presidente. O impressionante é: Só um???”. Essa crítica dialoga com Kelly, quando o autor afirma que uma das críticas ao jornalismo tradicional é que muitas vezes este se limita às fontes oficiais e institucionais (páginas 34 e 35). Ou seja, nesse caso os jornalistas angolenses acreditaram de tal forma no suposto assessor, “Caio Martins”, que sequer chegaram a questionar a veracidade de suas fontes.

O Bombou na Web não trata de temas familiares aos tradicionais meios jornalísticos, mas compila informações sobre um dos maiores fluxos de comunicação da atualidade. Seu conteúdo pode parecer bobagem à primeira vista, mas é essencial estudar o que movimenta o público em direção a determinado fenômeno para compreendê-lo melhor, desmistificando a sua imagem de, nas palavras de Andrew Keen, destruidor da “nossa economia, cultura e valores”.

Obs: Texto referente ao Exercício baseado no livro de John Kelly. Questão 2.