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Yes, we can report.

Por Ana Paula Novaes

Contribuir com o conteúdo elaborado pela grande mídia, atuando como fonte e produtor de informação; ser um ‘citizen journalist’. A ideia soa muito bem. No entanto, é necessário refletir sobre até que ponto essa participação acontece e o quanto ela é benéfica.

Com as possibilidades tecnológicas trazidas pela internet, publicar uma informação ficou mais fácil. Fato. Assim, ao redor do mundo as pessoas comuns têm realizado o antigo sonho da participação. Blogs, vídeos, posts no twitter inundam a web a todo instante. Nem sempre, conseguimos ‘digerir’ este grande prato de notícias.

Para John Kelly, autor de “Red kayaks and hidden gold”, a principal característica do jornalismo no século 21 é que ele não precisa mais ser feito necessariamente por jornalistas.  Em todo o livro ele enumera as vantagens deste novo modelo. Trazendo mais pontos de vista e nuances que ainda não tinham sido exploradas, os jornalistas cidadãos tornam a cobertura de grandes eventos mais complexas.

Além disso, é através dos relatos de pessoas comuns que notícias que pequenos acontecimentos locais chegam aos ouvidos de quem está longe.  A grande dúvida sobre a produção cidadã de notícias é: dá pra confiar nas informações? A gigante CNN resolveu apostar que sim. Através do portal ireport.com permite que seus seguidores produzam vídeos e textos, que precisam ser noticiosos.

O grande diferencial em relação a outros processos colaborativos feitos por redes de notícias, é que no i-Report não há nenhum tipo de edição. Jornalismo cidadão puro, sem gelo. Na descrição do próprio site:” i-Report te convida a tomar parte nas notícias com a CNN”. E o conteúdo postado recebe nota e indicação dos editores. Alguns vídeos ainda ganham espaço na programação dos canais de tv da rede.

No entato, talvez o maior poder destes cidadãos jornalistas esteja na influência que exercem sobre sua pequena comunidade de seguidores. No Brasil, um bom exemplo é o caso da Twittess. De publicitária desconhecida a celebridade da internet, hoje dita tendências e ganha dinheiro (R$500 por mensagem comercial) com seus posts.

Hoje, os blogs e twitters são fonte de informação dos jornalistas e, cada vez mais, ditam o que estará na agenda do dia. Nem sempre, porém, se distingue o que é informação confirmada do que não é. Na sede de estar na frente dos concorrentes, os veículos fazem o caminho contrário: deixam de informar os leitores e passam a se informar através deles. Mesmo John Kelly, defensor empolgado do jornalismo cidadão, assume: muitas vezes, o produto não é muito bom.

Não dá pra confiar em tudo que os blogs postam. Jornalistas, então, têm que ficar com a pulga atrás das duas orelhas. Assim, casos como do blog do jornalista Ricardo Noblat, que noticiou o suposto ataque de neonazistas a uma brasileira na Suíça e pautou toda a imprensa nacional, não se repetirão.

* Exercício I – aula 7/011 – proposta 3