A WEB 2.0 E O CIDADÃO COMUM

Por Leandro Cacossi

Web 2.0

O espectador sempre esteve acostumado a ser apenas um passivo para os meios de comunicação. Por maior que fosse a interatividade proposta por emissoras de rádio e TV, por jornais e revistas, o cidadão nunca teve uma voz realmente ativa, capaz de se expressar como queria. Os meios, claro, sempre puderam filtrar e escolher o que iria para o ar, qual carta ia parar no Painel do Leitor, etc.

A difusão da internet teve como um ponto positivo a aproximação da relação dos meios com seus consumidores. E a posterior chegada da era 2.0 na web efetivou de vez a real participação do cidadão nos meios de comunicação. Os homens deixaram de ser apenas espectadores para também se tornarem comunicadores.

Mas até que ponto o cidadão comum pode mesmo ser um comunicador, um alimentador de notícias? Até que ponto uma pessoa qualquer pode ter algo relevante a acrescentar a uma notícia?

O portal Terra abre todas as suas notícias para comentários dos leitores. Uma rápida olhada e é possível notar que o espaço de interação que poderia se tornar um debate a respeito daquela notícia, na verdade passou a ser uma lista de piadas e, na “melhor” das hipóteses, um bate-boca político-partidário.

Mas, afinal, o quanto essas “opiniões” são relevantes e de interesse de outros internautas? Provavelmente a resposta é: nada.

Obviamente a web 2.0 vai muito além de simples caixas de comentários. O cidadão hoje faz a internet. O avanço da tecnologia e o fácil acesso a equipamentos permite a muita gente criar seus próprios vídeos e postá-los na internet, o mesmo valendo para programas de rádio (os chamados podcasts), entre outras coisas.

Wikipedia

Exemplo de site efetivamente feito pelo internauta e por meio de interação é a Wikipedia, enciclopédia livre em que os verbetes são criados e editados pelos próprios usuários. O jornalista Maurício Stycer, em seu blog no IG, relatou no início de novembro um caso de manipulação de informações na enciclopédia virtual: o verbete do humorista Danilo Gentili havia sido manipulado com informações com as quais o próprio Gentili não concordava serem verdade.

Até que ponto um cidadão comum consegue discernir uma informação verdadeira de uma falsa? Até que ponto ele sabe apurar os fatos (ou mesmo, sabe a necessidade de uma apuração nas notícias)?

Praticamente todos os grandes canais de notícia, hoje, abrem espaço para o internauta mandar a sua notícia, seja ela em vídeo ou em foto. É o caso do VC Repórter do Terra, VC no G1 do portal de notícias da Globo, entre outros. Mas o princípio básico para que uma informação dessas seja publicada é a apuração.

A internet ainda é um meio muito novo na vida das pessoas. Em pouco tempo de existência, mudou radicalmente conceitos que tantos anos demoraram a se consolidar. Nada no mundo virtual é “fechado”, a cada momento novidades surgem e outras tantas ficam obsoletas e vão sendo esquecidas.

O cidadão comum vai angariando seu espaço, aumentando sua importância e deixando clara a sua liberdade e sua força no mundo virtual. Mas só o tempo mostrará se esses novos “comunicadores” poderão mesmo ser chamados de “jornalistas cidadãos”, ou se continuarão a ser apenas as fontes de informação.

(exercício #1 – questão 3 -aula de 7/11)

  1. Leandro,

    Acho que você tocou num ponto importante que permeia toda nossa disciplina quando diz: “todos os grandes canais de notícia, hoje, abrem espaço para o internauta mandar a sua notícia, seja ela em vídeo ou em foto. É o caso do VC Repórter do Terra, VC no G1 do portal de notícias da Globo, entre outros. Mas o princípio básico para que uma informação dessas seja publicada é a apuração.”. Quando olhamos a seção de leitores do Terra transformada em piada, ficam evidentes duas coisas: o descaso com a apuração e também um certo desprezo por parte da redação pelo material que chega, ou seja, um cantinho engraçado para essa informação. O que você acha?

    Pollyana

      • Leandro
      • 14 de novembro de 2009

      Acredito que os grandes portais e geradores de conteúdo da web ainda não encontraram a forma ideal para lidar com esses canais de notícias interativos. E, em decorrência disso, tampouco o leitor.
      Imagino que, exatamente por essa lacuna, muito do que o leitor envia para o portal não acrescenta tanto em termos de notícia. Porque os grandes portais se interessam por grandes assuntos (claro) mas, para cobrí-los, sempre há um enviado, uma equipe ou mesmo uma agência que abasteça o canal.
      Tirando grandes acontecimentos (como o blecaute desta semana, por exemplo) esses canais de interação acabam se tornado mais do mesmo.
      A melhor relação “notícia X leitor X notícia” que vejo no dia a dia é a cobertura de trânsito em São Paulo. Mas que não difere muito daquilo que o rádio já faz há algum tempo.
      Sem muita novidade “séria” que seja efetivamente relevante aos portais, acabam sobrando notícias e vídeos “engraçadinhos”, na melhor linha de “videocassetadas” ou algo do gênero.

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